quinta-feira, 18 de março de 2010

E Hitler passou pela Paraíba Livro Augusto Pinheiro Da equipe do DIARIO DE PERNAMBUCO




Diz uma lenda que em 1945, nos derradeiros momentos da Segunda Guerra Mundial, quando o exército alemão dava seus últimos suspiros, o líder nazista Adolf Hitler teria se refugiado em Rio Tinto, município do litoral paraibano. Até hoje visitantes que passam pela cidade perguntam pela casa onde ele teria morado.

  A partir dessa história, o jornalista e escritor Paulo Fernando Craveiro desenvolveu o enredo de seu primeiro romance, Os Olhos Azuis da Sombra (Editora Nossa Livraria, R$ 30,00), que já está à venda nas livrarias Imperatriz e Nossa Livraria, no Recife. "Fui atrás de uma mentira para compor várias mentiras", explica o autor, que teve a preocupação de fazer uma extensa pesquisa para escrever a obra.

  No romance, um técnico alemão, ironicamente chamado Adolf, é contratado pelas indústrias Lundgren para trabalhar em Rio Tinto. Ao se apresentar, deixa um funcionário apavorado com sua semelhança com Hitler. Diante dos boatos de que o Fuhrer estaria na cidade, o recém-chegado tem de se asilar no Palacete da Vila Regina, que pertence aos industriais suecos.

  "Ele acaba assumindo o papel de Hitler", conta o autor. "Inclusive trava diálogos imaginários com Klara, mãe de Hitler". Em uma dessas passagens, a mãe pergunta "E essas mortes todas?", ao que ele responde "Não foram tantas mortes assim, minha mãe, morreram apenas 55 milhões de pessoas e novas 55 milhões já estão sendo geradas nas alcovas".

  Na cidade, os habitantes - entre eles, Mouro, um dos protagonistas - tramam a morte do "líder nazista" em meio a um clima de hostilidade do Brasil em relação à Alemanha, iniciado após o torpedeamento de navios no litoral do Nordeste por submarinos germânicos em 1942. "Essa é uma lembrança muito forte da minha infância, meus pais ficaram com medo", recorda. Até hoje o nome de um dos navios, Baependi, volta sempre a sua memória.

  A pesquisa que Paulo fez incluiu visitas aos locais onde Hitler viveu e "trabalhou" na Alemanha, como casas e cervejarias de Munique, e a sede do Terceiro Reich, em Berlim. Ele chegou atéa visitar campos de concentração, como o de Buchenwald. "Fiquei impressionado com um quartinho com uma pequena janela retangular, que teria a finalidade de medir os prisioneiros, mas que era usada para matá-los com um tiro na nuca", conta.

  O jornalista já esteve 30 vezes na Alemanha, país pelo qual nutre verdadeira paixão, muito porque sua mulher tem ascendência alemã, assim como sua ex-mulher, já falecida. Ele ainda utilizou livros que não foram editados no Brasil e também visitou Rio Tinto, identificando nomes de ruas, plantas, animais, para ambientar a história.

  O livro também tem passagens eróticas, que mostram as relações entre as pessoas que chegam e as que nunca partiram e o desejo que o falso Hitler nutre pela camareira. Sobre a possível relação entre guerra e sexo, Paulo dispara: "Se há guerra, vamos fazer sexo imediatamente, antes que tudo acabe".

  Paulo, que nasceu em Monteiro (PB) e foi criado no Recife, se formou na Faculdade de Direito do Recife, fez curso de estilo literário na Faculdadede Filosofia da Universidade de Madri, estudou teoria política na George Washington University e se especializou em jornalismo na Thomson Foundation, no País de Gales. Já publicou oito livros. 



Fonte: http://www.pernambuco.com/diario/2004/04/10/viver10_0.html

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